domingo, 9 de dezembro de 2007

Amigos Virtuais

Quantas porções de vezes já se ouviu no rádio ou na televisão que os adolescentes passam muito tempo na internet, que as crianças ficam horas e horas em frente ao computador? Que isso causa problemas de relacionamentos, de superação ou de resolução de conflitos? Que os sujeitos tornam-se altamente individualistas enquanto o respeito e a coletividade vão sendo atrofiados?
No entanto, quem escuta as conversas presenciais daqueles envolvidos ou hipnotizados pelas ferramentas tecnológicas para saber qual é a sensação que se manifesta dentro e fora das lentes, dos botões, dos cliques, dos cabos, das ondas...?
Eles parecem se conhecer de muito antes do antes, como se acreditassem em vidas passadas. Também se inventam reais ou potenciais. São humanos, sensíveis, inteligentes... ou são do jeito como gostariam de ser.
Riem, choram, choram de rir, perdem a paciência mas conseguem driblar com bom humor ou muito jogo de cintura. Tornam-se loucos quando há alguém ao lado escutando e percebendo seus sons.
Fora do transe, outros corpos se roem invejosos pois no espaço e tempo virtual, os sentimentos são compartilhados e não são eus, nem ossos. As emoções são sinceras e mesmo as fingidas acabam verdadeiras.
Entre cartas, bilhetes ou presentes, estão contidos o este e aquele. O imaginário às vezes transforma-se em concreto e maravilhoso fora da mente. Outras, continua na ilusão subjetiva e verdadeira em si mesma.
Os amigos de carne e osso, embora pertos e tocáveis, desconhecem ou não dão atenção aos detalhes que nos tornam tão diferentes. Seja por falta de tempo, seja por experiência, esta, que automatiza os movimentos e percepções numa sequência lógica insignificante ausente de pensamentos e reflexões.
Enquanto que os homens e mulheres – pequenos/grandes, fortes/fracos, felizes/tristes, longes/distantes se conhecem nos papos permitidos e acessíveis, para compartilhar suas experiências neste conglomerado de redes capazes de inteligar e transportar a um e a todos –, são ou tornar-se-ão os melhores amigos e amigas, mesmo os abraços sendo e acontecendo apenas num cantinho de nossas telas.

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